Mulheres líderes exigem mais apoio, formação e diálogo para combater eficazmente o crime - EL PAcCTO
América Latina / Género

Mulheres líderes exigem mais apoio, formação e diálogo para combater eficazmente o crime

19 April 2021

O primeiro capítulo de “La hora de EL PAcCTO”, dedicado às lideranças femininas que combatem o crime organizado, teve um grande êxito de participação. Treze países da América Latina e cinco da União Europeia estiveram presentes no evento virtual transmitido ao vivo pelo YouTube.

Na apresentação, interveio Anna Terrón, Diretora da Fundação Internacional e Ibero-americana de Administração e Políticas Públicas (FIIAPP), que sublinhou que “a visão de género não só aumenta a justiça, mas também a eficácia daquilo que fazemos. A segurança não é igual para os homens e para as mulheres. Temos elementos específicos que nos preocupam especialmente na esfera da segurança. Ter mulheres na liderança significa que esses elementos são considerados”.

Anna Terrón comentou que “no dia em que tomou posse a atual Diretora da Guarda Civil Espanhola, estive presente e recordo com emoção quando ela se dirigiu a um grande número de representantes públicos e às suas respetivas instituições. Ela revelou as suas prioridades no cargo e a certa altura disse eu sou feminista. Essas foram umas palavras que com certeza nunca tinham sido ditas naquele pátio de armas. Foi importante porque deu a entender que muitas mais mulheres iriam dar passos à frente”

Martin Seychell, Diretor-Geral Adjunto do INTPA, explicou, por sua vez, que “a participação e liderança das mulheres fazem parte do novo Plano de Ação de Género da UE para o período de 2021 a 2025“. Seychell declarou que “as mulheres são atores-chave no combate ao crime organizado, na prevenção e resolução de conflitos e na promoção da segurança e da paz. Mais mulheres líderes e mais perspetiva de género irão melhorar o combate ao crime organizado”.

O Diretor-Geral Adjunto do INTPA reconheceu que “os Estados-membros estão a unir forças na #TeamEurope e com os nossos parceiros na América Latina, pois queremos levar a cabo programas e estratégias que transformem a segurança e a justiça nos próximos anos. Um trabalho em que a perspetiva de género é muito importante. Para tal objetivo, a União Europeia está empenhada em garantir que 85% das novas ações promovidas integrem qualidades de género e a participação das mulheres”.

Como painelistas participaram:

  • Alexandra Jour-Schroeder. Diretora-Geral Adjunta, DG da FISMA, Comissão Europeia
  • Beatriz Rodríguez. Diretora de Estudos Criminais do Ministério Público do Equador.
  • Rosa Icela Rodríguez Velázquez. Secretária de Segurança e Proteção ao Cidadão (SSPC), México
  • Cecilia Pérez Rivas. Ministra da Justiça, Paraguai
  • Luísa Proença. Diretora Nacional Adjunta da Polícia Judiciária, Portugal

Redes de mulheres líderes para combater eficazmente o crime

As participantes neste evento expressaram a necessidade de criar redes de mulheres que possam trabalhar, dialogar e enfrentar juntas os próximos desafios de segurança e justiça. O objetivo é um combate mais eficaz ao crime organizado, onde a visão feminina tenha o mesmo destaque que a masculina.

Alexandra Jour-Schroeder, Diretora-Geral Adjunta da FISMA da Comissão Europeia reconheceu que “as mulheres líderes marcam a diferença porque têm outras perspetivas em todas as áreas da sociedade e no combate ao crime. Mas as mulheres líderes não caem do céu: precisam de formação, reconhecimento, oportunidades e apoio. Mulheres líderes precisam de redes para comunicar, interagir e cooperar”.

“A participação das mulheres é fundamental para uma polícia evoluída, moderna e mais igualitária”, afirmou, por sua vez, Luísa Proença, Diretora Nacional Adjunta da Polícia Judiciária de Portugal. Uma boa conciliação familiar também é necessária para permitir que as mulheres tenham as mesmas oportunidades profissionais. A Sra. Proença concluiu dizendo que “o direito à igualdade de oportunidades é fundamental, portanto é necessário consolidar diariamente a presença e o papel das mulheres nas instituições-chave”.

Beatriz Rodríguez, Diretora de Estudos Criminais do Ministério Público do Equador, reconheceu a existência de “dificuldades estruturais que limitam os avanços. É necessário um novo modelo de desenvolvimento com mais equidade e inclusão para facilitar o ingresso das mulheres em altos cargos de decisão. É importante promover a participação das mulheres e instituições de justiça para quebrar estereótipos. Ter uma formação contínua para as mulheres também é importante”.

A Ministra da Justiça do Paraguai, Cecilia Rivas, declarou que “é importante estar unidas, ser criativas e atuar de forma coordenada. Por isso, é importante que as mulheres estejam presentes nos espaços de poder para que as políticas públicas tenham a abordagem integral proporcionada pelas mulheres”.

Finalmente, a Secretária de Segurança do México, Rosa Icela Rodríguez, afirmou que “a liderança feminina no México é o esforço de anos de luta e os seus avanços contribuem para a nossa vida democrática. É importante dar continuidade à transformação das ideias e demonstrar que as mulheres podemos enfrentar qualquer desafio que possa surgir”.

A participação das mulheres traz enormes benefícios para a sociedade

A Secretária-Geral do IILA, Antonella Cavallari, encerrou o evento com as conclusões seguintes:

  • É importante dar visibilidade à contribuição diferenciada das mulheres no âmbito do combate ao crime organizado, tradicionalmente reservado aos homens.
  • A plena participação das mulheres na vida pública traz enormes benefícios para a sociedade, pois gera maior eficiência. O ponto de vista das mulheres favorece políticas inovadoras.
  • Há liderança feminina na justiça, conforme pudemos comprovar através das intervenções das painelistas, e a situação mundial não é assim tão má se observarmos a representação de mulheres líderes de hoje e nas instituições da UE.
  • A presença de mulheres profissionais na justiça facilita o acesso das mulheres à justiça.
  • Ocasiões como a de hoje formam redes para seguir em frente.
  • A COVID afetou especialmente as mulheres porque elas trabalham em maior proporção em setores informais, no setor de cuidados de saúde, bem como devido a questões de abusos e violência contra as mulheres.
  • A pandemia é uma oportunidade para nos fazer refletir e superar alguns problemas, como a violência contra as mulheres. Devemos aproveitar os recursos económicos e o apoio político que possam surgir da pandemia para melhorar a situação das mulheres.